Não me lembro com clareza da minha infância, sei que foi uma fase tranquila e de momentos felizes ao lado de meus pais,nascir numa pequena cidade do interior da Bahia chamada Ibirataia onde morei 9 anos,sou a primogenita de uma familia de quatro filhos. Começei a frequentar a escola com cinco anos de idade, tive professoras esforçadas e comprometidas com o ensino e o aprendizado dos alunos, fui alfabetizada da maneira tradicional do ba-be-bi-bo-bu, método esse baseado apenas na exposição verbal, análise e conclusão do conteúdo por parte de professor;onde os processos de ensino só podem se realizar na medida em que a criança estiver “pronta”, madura para apresentar respostas certas, obter notas altas, repetir o que o professor ensina.
Também me lembro das avaliações,provas,testes que eram realizados apenas no intuito de obter nota, notas essas bastantes comprometidoras nos boletins,avaliação essa denominada de avaliação somativa, que consiste numa decisão tomada no final do ano para deliberar sobre a promoção de alunos. É usada, tipicamente, para tomar decisões a respeito da promoção ou reprovação dos alunos que não obtiveram êxito no processo de ensino-aprendizagem.
Segundo Hoffmann, entende a avaliação como uma ação provocativa do professor, desafiando o aluno a refletir sobre as experiências vividas, instigando-os a formular e reformular hipóteses, direcionando para um saber enriquecido. Logo, a avaliação é a reflexão transformada em ação, que impulsiona a novas reflexões. Cabe ao educador uma reflexão permanente sobre a sua realidade, um acompanhamento contínuo do educando, na trajetória da construção do conhecimento.
Quando estava com dez anos de idade meus pai resolveram se mudar para Jaguaquara e tive que começar a estudar da alfabetização pois não tinha como comprovar que já estava avançada nos estudos. Estudei na escola Stela Câmara Dubois até a terceira série,depois tive que mudar de escola por não ter a quarta série na mesma. Concluir o primeiro grau no Colégio Pio XII,e o segundo grau concluir no Colégio Taylor Egidio.
CAMINHADA UNIVERSITÁRIA
A primeira tentativa para entrar na universidade foi quando fiz o vestibular para o curso de enfermagem na UESB e na UESC, porém fracassei, fiquei bastante arrasada, mas não desistir, no ano seguinte tentei novamente agora para ciências biológicas na UESB, pois queria ingressar na área da saúde, pois para mim é uma área cheias de mistérios e por estar ligada a vida humana/descobertas, desafios e surpresas. Não conseguir, então bateu o desânimo e decidir dar um tempo para refletir sobre a minha vocação. Depois de um ano mais ou menos fiz seis meses de cursinho na minha cidade, tinha acabado de passar no concurso da prefeitura de Itaquara e comecei a trabalhar na área da educação, depois de um ano resolvi prestar o vestibular e então bateu a dúvida para que área fazer, depois de refletir resolvi tentar para a área na qual já estava trabalhando, então fui eu fazer para Pedagogia na UESB de Jequié-BA.
Para minha alegria e sorte passei no curso de Pedagogia depois de prestar quatro vestibulares e em 2006.1 comecei a estudar,depois de mais ou menos um mês eu me casei e passei a estudar em Jequié,morando em Jaguaquara e trabalhando em Itaquara, confesso que é uma batalha,mas com coragem e fé em Deus tive forças e terei até concluir o curso. No começo do curso não tinha nenhuma noção de educação, educar para mim se restringia apenas repassar conhecimentos. Por muito tempo pensei assim, a falta de estímulo e de perspectiva com a futura formação atrapalhava-me na descoberta do verdadeiro sentido do que é ser um educador, confesso que até hoje procuro me encontrar dentro dessa profissão, ás vezes me sinto incapaz de realizar o meu papel de educador.
HOJE NA UESB Hoje, depois de quase quatro anos dentro da Universidade, ainda existem obstáculos que desanimam não só a mim, mas creio que a grande maioria dos futuros Pedagogos. No decorrer do curso, houve momentos de muita insatisfação, questionamentos e desânimo que me fizeram pensar na possibilidade de desistir e tentar outra área. Sentir muita falta da prática em sala de aula, de um laboratório para o curso e de atividades que mostrassem a realidade das nossas escolas, principalmente a pública.
No decorrer do curso de Pedagogia, no primeiro semestre havia uma grande alegria e satisfação de poder cursar numa faculdade de renome e prestigio como a UESB, mas, ao iniciar o semestre sentir muitas dificuldades em relação aos assuntos das disciplinas oferecidas no I semestre, eram assuntos que estavam em comum acordo com as vista no magistério e como eu não tinha feito o magistério, tive muita resistência de início, apesar das divergências, eu estava bastante ansiosa para descobrir o novo, e propostas das disciplinas me fizeram refletir sobre o verdadeiro sentido da aprendizagem, com o passar do tempo as idéias começaram a se organizar e a serem ampliados.
E assim, na sala de aula, enquanto ensina o professor também aprende, e, enquanto aprende o aluno também ensina, pois a aprendizagem é um processo contínuo, que dura toda a vida, o professor deixará de ser um mero instrutor, para tornar-se um educador, como afirma Freire, “... o educador já não é o que apenas educa, mas o que enquanto educa, é educado, em dialogo com o educando, que, ao ser educado, também se educa”(FREIRE, 1982, p.78).
Assim, educar significa: propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito, confiança, e acesso, pelas crianças, aos outros conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Cuidar significa: ajudar o outro a se desenvolver como ser humano, valorizar e ajudar a desenvolver capacidades.
Como estudante dessa instituição sentir muita falta da relação entre a teoria e a prática, lamento não ter tido esse suporte para poder relacionar e entender os conteúdos que eram expostos de maneira vazia, digo vazia pelo fato de não proporcionar um contato mais próximo da realidade que hoje vive a escola pública. Com essa parceria entre a teoria e a prática o aprendizado seria um sucesso e todos poderiam pensar, fazer,repensar e novamente fazer sempre aprendendo a ser um profissional questionador, investigador e reflexivo da sua prática.
O curículo do curso de Pedagogia necessita de uma repensada e reformulada, precisa de uma proposta que direcione para uma prática voltada para a realidade da sua clientela. Um curso que pense na interatividade entre a teoria e prática.
Diante de tantos questionamentos, vou traçando meu caminho, hoje como aluna e amanhã provavelmente como educadora, mas consciente da necessidade urgente de se investir realmente na educação e nos educadores, pois não podemos negar que é preciso construir mudanças políticas públicas de educação, tendo como responsabilidade qualificar os professores e a escola. Com isso, todos têm muito a ganhar: os alunos, os educadores, a escola e a sociedade.